Olá manas, minas, monas e manos!
Entusiasmei com o primeiro texto meu enviado e publicado aqui no Bear Nerd, então resolvi escrever mais (risos).
Há dois anos retomei o gosto e a leitura de hqs – com ajuda do Wally. Também por animação (onde já me aventurei como produtor também), que tomou um espaço em minha vida a partir de Persépolis em meados de 2011 (li a versão gráfica anos depois).
Fui percebendo que me limitaram -o resto da humanidade também- a crer que essas duas linguagens são exclusivamente infantis. A animação ‘Valsa com Bashir’ e a HQ ‘Palestina’ de Joe Sacco estão aí pra provar que isso é um equívoco total. E tenho me (re)aproximado deste lindo universo onde eu me insiro também como produtor.
Ai você me pergunta:
– O que essa bicha está querendo dizer? O que o texto tem a ver com o título?
Vamos lá, tudo será esclarecido (espero)!
Há 3 anos criei um personagem chamado Luís Andaluz – referência a Luís Buñuel e seu curta “Um cão Andaluz”-, um urso frequentador de saunas gays e que passa por certas situações inusitadas e (subversivas).
Inicialmente o projeto era para uma animação -”Além das Toalhas e do Vapor”-, sequência de outra desenvolvida em 2014 – “O Sorriso de Frida Kahlo”-, mas que virará hq.
O lance é que Luís é quase um alter-ego meu, mas o bicho (ou bicha) tinha algo de diferente… ele usava white face e, sendo eu uma bicha preta, não fazia muito sentido.
Esse questionamento veio à tona quando me descobri negro.
A aceitação enquanto gordo, negro e gay foi (aliás, é) bem processual, e isso deveria reverberar diretamente no personagem, seguindo a lógica de que era uma miniatura no papel de quem vos fala. Então, porque ele era branco?
Este “detalhe” – friso bem aqui a aspas – é muito forte quando penso em representatividade, e isso eu ocorre também quando noto a ausência de ursos negros em peças de divulgação das festas bears pelo Brasil e a própria produção de hqs que, apesar de trabalhar mais com a diversidade nas graphic novels, ainda tem um bom chão a percorrer. Mas ter uma capa da Marvel com uma personagem negra lésbica inspirada em Beyoncé (Formation) é um motivo de aplaudir de pé.
O mote da “estória” é que ter um personagem branco é quase análogo a uma fraude de identidade – eu estava me boicotando!- e o white face é um elemento que reforça o estereótipo do belo esteticamente clamado protagonista branco.
Isso não é um repúdio a brancos. Pelo contrário, é uma reflexão – sem bocejar, por favor – sobre esta lógica que reproduzimos dentro contexto estético que sempre enalteceu meninos e meninas brancos com bochechas rosadas e excluiu a diversidade.
Qué que desenha?
Sou o La Cruz: negro, bicha, gordo, universitário cotista na UFMG, belorizontino, 25 anos e… ilustrador (risos).
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