Grande, peludo, forte, branquinho, sensível, apreciador de rock e felinos, para muitos esse é o ursão perfeito! Mas, como é bom demais pra ser verdade, toda esta perfeição só existe na forma do personagem que dá título ao gibi norte-americano Wuvable Oaf, escrito e desenhado pelo talentoso e bem humorado Ed Luce.
Original de Liverpool, Nova Yorque, mas residindo em São Francisco, o quadrinista Ed Luce tem uma longa história como colecionador de quadrinhos mainstream. Porém seu traço underground fez com que ele elegesse o mercado independente como o berço de sua criação.
Wuvable Oaf é um gibi que mistura vários aspectos da cultura gay norte-americana porém com o diferencial de ter um ponto de vista mais nerd. E não apenas nerd de quadrinhos! Oaf tem um forte componente musical presente no roteiro e nas camisetas que sempre estampam bandas do gosto pessoal do autor. Do punk ao death metal. Algo próximo de um Scott Pilgrim gay seria um bom rótulo, mas melhor que rotular é ler.
A história se passa em São Francisco e narra as tentativas do solitário Oaf, sempre em busca do parceiro perfeito, para conhecer seu mais recente muso, o vocalista da banda Ejaculoids – Atilla – um desejado lontra do meio QueerCore da cidade. Parece simples, mas Wuvable Oaf é um quadrinho cheio de idiossincrasias bizarras, sub-plots misteriosos, personagens bem construídos e toneladas de referências de cultura pop. O próprio Oaf é um urso com força extraordinária e que pode fazer seus pelos crescerem apenas com o poder do pensamento. Oaf também tem uma identidade secreta, o GoteBlud. Um lutador de luta livre, mais um dos prazeres de seu criador.
Editorialmente, Wuvable Oaf é um exemplo de sucesso indie. A revista se vende apenas nas feiras e eventos, ou pela internet já que não é distribuída pela Diamond, e seu criador investe em vários outros produtos bacanas, como bonecos, pôsteres, revistas de recortar, camisetas etc. Um exemplo de sucesso do Do It Yourself em quadrinhos.
BN – Quais quadrinhos seriam uma influência para sua carreira como quadrinista?
Eu sou colecionador de quadrinhos minha vida inteira e a maioria são quadrinhos de super-heróis da DC e Marvel. Mas crescendo percebi que nunca desenharia com aquele padrão de realismo, então não achava que os quadrinhos eram um campo viável. Não foi até meus 20 anos que descobri os quadrinhos independentes e conheci artistas que desenhavam em um estilo similar ao meu. Me tornei um grande fã os irmãos Hernandez (especialmente Gilberto). Quando comecei a conceituar o quadrinho do Oaf, fui inspirado por Osamu Tezuka, o Cerebus de Dave Sim (mas detesto a história), Brian Lee O’Malley e o trabalho de Chuck BB em Black Metal.
BN – Foi difícil ou, se foi, quais foram as dificuldades de publicar um quadrinho gay nos Estados Unidos?
Eu realmente comecei a acreditar que poderia fazer um quadrinho de temática homossexual depois de conhecer o pessoal da Prism Comics. Prism é uma organização sem fins financeiros que apóia criadores LGBT e oferece um apoio monetário anual para a publicação de artistas emergentes. Quando eu vi que havia uma audiência para estes tipos de personagens e assuntos, eu senti que havia um lugar para o Oaf lá fora também.
O maior desafio para a publicação de um quadrinho independente é encontrar maneiras do seu produto chegar até os leitores. Sem a distribuidora Diamond, eu tenho que usar a internet e as convenções para me promover. Sites de redes sociais tem sido de uma ajuda incalculável e muitos blogs tem resenhas e podcasts sobre meu trabalho.
Outro ponto considerado quando criei o Oaf foi que tipo de audiência eu queria. Era importante para mim criar um personagem gay que refletisse minhas próprias idéias e sensibilidades mas também desejava poder compartilhar minha história com homens e mulheres heterossexuais. Logo de começo decidi não usar termos como “urso”, “gay”, ou até “queer” nos diálogos. Para mim era bastante óbvio o que se passava com as sexualidades dos personagens e que não precisava rotulá-los. Isto tem permitido com que o quadrinho seja descoberto por pesoas de todas as inclinações e fez crescer bastante minha audiência. Em algumas convenções o número de compradores heteros e gays é igual.
BN – Wuvable Oaf é um gibi bem musical. Que bandas escuta quando desenha?
Boa pergunta! Eu diria que The Smiths e Morrissey foram inspirações iniciais na personalidade de Oaf. Também escutei muito The Wipers, The Hidden Cameras, Pete Shelley e Magnetic Fields. Muitos desses músicos foram são referidos no gibi.
Também sou um grande fã de metal, em todas as suas formas. Na verdade minha paixão por este gênero foi o que me levou a criar o personagem Goteblud, que é um lutador de luta livre de temática metal
BN – E, finalmente, você tem algo a dizer aos brasileiros que já conhecem e os que conhecerão seu personagem?
Espero que o Oaf seja capaz de achar o coração dos leitores no Brasil da mesma maneira que achou no Brasil. Quem sabe um dia eu não o mando para o Brasil em uma das minhas histórias… ele com certeza iria curtir uma folga… e um bronze!.
Você confere o site oficial de Wuvable Oaf, clicando aqui.
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Pinterest(abre em nova janela)
4 respostas
mas um pra lesta de quadrinho interessante fora do grande circuito….ótima intresvista…
Valeu, Alex – Mérito do Lima. E o gibi do Ed Luce é sensacional, adoro o traço dele!
mas um pra lesta de quadrinho interessante fora do grande circuito….ótima intresvista…
Valeu, Alex – Mérito do Lima. E o gibi do Ed Luce é sensacional, adoro o traço dele!