A Origem de um Beijo Polêmico

Woof Berds! Há algumas semanas, comentamos o beijo que “abalou” as estruturas do RPG nacional, com direito a uma resposta épica. Inclusive gerando um phodástico conto escrito por nosso berd colaborador Rafael Maia. Pois bem, nós entramos em contato com Oscar Borges Lucas, a pessoa que encomendou o desenho, e ele nos conta toda a história:

Acho que parte da minha ousadia em pedir esta ilustração foi apoiada pelo meu namorado, Richard. No início do ano passado, quando completávamos um ano juntos, ele reclamava muito de estarmos jogando RPG e termos que agir apenas como amigos. Então decidimos contar para o grupo. O Richard sempre me dizia “Se eles são seus amigos eles vão aceitar, se não é melhor que a amizade termine logo.” Claro que havia a insegurança deles saberem que o narrador é gay e namora um dos jogadores e isso acabar com o jogo ou até com a amizade. Mas no dia que contamos, a confiança do grupo só aumentou, a amizade ficou mais forte, foi ótimo! Muita coisa melhorou. Nada daquilo que imaginávamos que poderia acontecer de errado aconteceu.

Pouco tempo depois, começou o financiamento coletivo d’O Desafio dos Deuses (um jogo eletrônico estilo Beat ’em up para PC) , e claro que eu e meu irmão, como fãs de Tormenta desde a época que o cenário era lançado nas bancas de jornal, tínhamos que participar. Ele escolheu uma entrevista com o Leonel Caldela, escritor dos livros de Tormenta, e eu, uma ilustração da Roberta Pares, uma das ilustradora oficiais. O financiamento foi concluído com sucesso. E logo chegou a hora de pedir a ilustração. Pouco tempo antes havia saído o beijo gay do Wolverine e do Hércules, o que me fez pensar que seria legal ver algo assim com personagens do cenário. Pensei que poderia dar uma força aos jogadores que estavam na mesma situação em que estive meses atrás. Se os deuses são gays, o que teria de errado no personagem/jogador também ser? Também pensei que mesmo que não aprovassem, eles interpretariam apenas como uma piada… E além do mais depois desta ilustração:

Dá para convir que Khalmyr é bem “comestível”, hehehehe. Sei que descaracterizou um pouco os deuses Khalmir e Keen, dando a ideia de algo parecido com um fanart com cara de oficial. Mas acredito que a partir do momento que estou narrando uma aventura de RPG baseada em um livro eu tenho a liberdade para mudar elementos do cenário e das regras, isso faz parte do que torna o RPG divertido. Com certeza minha Arton não se parece com a do Cassaro que não se parece com a Arton sádica e escatológica do Caldela.

Quando a ilustração saiu fiquei muito feliz. Mas depois que ela foi publicada no fórum da Jambô e no face de Tormenta vieram vários comentários negativos, isso me deixou muito decepcionado. Depois dos assassinatos em Ouro Preto (2001), pensei que os RPGistas soubessem muito bem o quão ruim é a intolerância e o preconceito. Mas vi que as coisas não saem como imaginamos. Acho que o tema voltou a pauta por conta do beijo da novela da Globo. E fiquei muito feliz em ver um posicionamento do Cassaro sobre o assunto. Principalmente um posicionamento tão construtivo e otimista. Espero que outros jogadores, cada um em seu tempo, possam fazer o que fiz sendo sinceros com suas mesas de jogo.


Aproveitando o espaço, gostaria de fazer dois pedidos: visitem o blog que estou colaborando, o B de Bara (semana que vem deve sair tradução minha por lá) e queria mandar um abraço para o meu querido Richard Paganoti para o meu irmão Sascha do blog RPG & Chá preto.

Comenta aí, berd!

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